Martina Topley-Bird triângulo amoroso Martina Topley-Bird triângulo amoroso

Triângulo amoroso é um tema eterno

O triângulo amoroso é um tema eterno nas Artes. Um dos mais antigos que me vêm à memória envolve o Rei Arthur (aquele mesmo, da távola redonda), que casou-se com a bela Guinevere só para ter que divida-la sem saber com seu mais galante cavaleiro, Sir Lancelot

Primordialmente, outro exemplo fácil de lembrar está no clássico filme Casablanca e envolve Rick Blaine (Humphrey Bogart), Ilsa Lund (Ingrid Bergman) e Victor Laszlo (Paul Henreid).

Na literatura, a forma geométrica que causa tanta dor, confusão e desilusão amorosa também está lá, como atesta F. Scott Fitzgerald no seu The Great Gatsby.

Pois não é que o tal triângulo parece ter chegado ao século XXI mais vivo e doloroso do que nunca? Afinal, este parece ter sido o mote escolhido pela cantora pioneira do gênero trip hop Martina Topley-Bird na canção Lying, do álbum Quixotic (“Quixotesco”), de 2003.

A música é aparentemente doce, singela, mas mal consegue disfarçar uma saudade doída, reprimida no peito dia após dia. Sem arroubos ou agudos. É tudo mais pra sussurrado. Talvez mais dolorido?

O álbum é antigo. Topley-Bird não é a nova Taylor Swift. Mas talvez seja a Billie Holiday pós-moderna.

Martina Topley-Bird triângulo amoroso
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Em primeiro lugar, é claro que as artes estão abertas a múltiplas interpretações. A não que logo na primeira linha da canção seja dito que uma moça sai de uma casa vestida com as roupas da namorada do cara com quem acabou de dormir! E fique espantada ao constatar como as peças lhe caem bem. Aí, no meu entendimento, fica um contexto bem delineado. A geometria não mente. Triângulo. 

É interessante também o que parece ser uma forte sensação de culpa do eu-lírico (lembra-se disso das aulas de literatura do colégio? Nunca é Fulano – o autor – falando, é sempre o eu-lírico, uma espécie de manto que o reles mortal criativo “veste” para melhor expressar aquilo que seu “eu pessoa física” não expressaria – ou não com tanta habilidade). A melodia segue: 

“Quando eu ando pela cidade, parece que todo mundo está sabendo…”

Sabendo do quê, Martina? Bom, aí fui aos dicionários e constatei que “estou me deitando com você” – contida na letra – é uma expressão super antiquada para dizer que um casal está se relacionando, mas parece ter sido essa mesma que a MTB usou, o que torna a coisa toda ainda mais frágil e singela. 

E a outra expressão não deixa dúvida sobre nada: “Estou tendo uma recaída”. 

De resto, como de costume, me abstenho de falar mais, a interpretação é minha, é pessoal e eu adoraria ler a sua nos comentários. 

Segue um breve currículo da moça que escreveu tão bem sobre esse triângulo amoroso. 

  • Martina Gillian Topley-Bird (nascida Topley; 7 de maio de 1975) é uma cantora, compositora e multi-instrumentista inglesa que ganhou fama como vocalista no álbum de estreia de Tricky, “Maxinquaye” (1995), um marco do trip hop. Trabalhou com ele em outros álbuns e lançou seu primeiro álbum solo, “Quixotic”, em 2003, recebendo aclamação da crítica e uma indicação ao Prêmio Mercury.

Ela lançou outros álbuns, como “Anything” (2004), “The Blue God” (2008) e “Some Place Simple” (2010), e colaborou com Gorillaz, Massive Attack e outros artistas. Sua música “Sandpaper Kisses” foi regravada e usada em um videogame.

Nascida em Londres, Martina cresceu em uma família grande e se mudou para Bristol na infância. Foi descoberta por Tricky enquanto cantava perto de sua casa. Após o fim de sua colaboração com Tricky, iniciou sua carreira solo, lançando vários álbuns e fazendo turnês com bandas renomadas.

Para concluir, ela é influenciada por Ella Fitzgerald, Billie Holiday, Tom Waits e Serge Gainsbourg, e seu trabalho é inspirado por cinema asiático. Topley-Bird teve uma filha com Tricky e atualmente vive com seu parceiro em Valência, Espanha.

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