O gênio sem limites: inspirado na genialidade real do saxofonista Charlie Parker, Julio Cortázar criou o personagem Johnny Carter, que luta incessantemente contra sua dependência química. Simultaneamente, esse músico complexo manifesta um dom artístico muito superior aos companheiros de banda com quem toca.
Se por um lado Carter é mostrado em hotéis sórdidos, circunstâncias degradantes e comportamentos patéticos, por outro, ele ascende musicalmente a altitudes que poucos conseguem alcançar.
Seu tormento reside aí, porque, através dos voos de seu espírito conturbado, sua noção do tempo e do espaço se altera.
Ele tem percepções que vão muito além do comum. No entanto, sua capacidade intelectual de expressá-las não é o bastante. Ou seja, só a música pode dizer o que as palavras não conseguem.
Seu contraponto é Bruno, o crítico de jazz que o apoia, mas não sem uma parcela de interesse. Afinal, ele vive sobre escrever sobre a grandeza artística de outros. E talvez seja apenas medíocre.
“O perseguidor” é isso e muito mais. O perfeccionismo do verdadeiro artista, o confronto entre o homem comum sensato e o louco iluminado, a busca quase espiritual por algo que está além, mas ao mesmo tempo ao alcance de Carter quando ele toca…
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Quem foi Julio Cortázar?
Conhecido por sua originalidade e inovação na literatura, Julio Cortázar (1914-1984) foi um escritor e tradutor argentino. Sua tradução da obra em prosa completa de Edgar Allan Poe, por exemplo, é considerada pelos críticos de língua hispânica como a melhor de todas.
Cortázar adquiriu a nacionalidade francesa em 1981 em protesto contra a ditadura militar na Argentina. O escritor é reconhecido por sua contribuição ao realismo mágico e ao surrealismo, com obras que desafiam a linearidade temporal e exploram a fronteira entre o real e o fantástico.
Ele nasceu em Bruxelas, cresceu na Argentina e se estabeleceu na França em 1951. Entre suas obras mais notáveis estão “Histórias de Cronópios e de Famas” e “O Jogo da Amarelinha”. Essa segunda obra, aliás, desafia todas as convenções literárias ao propor a possibilidade de leitura de seus capítulos em ordens variadas, conforme instruções do autor. Além disso, Cortázar foi um ativo defensor dos direitos humanos na América Latina.
Cortázar morreu em Paris em 1984 e está enterrado no Cemitério de Montparnasse. Seu legado inclui influências profundas na literatura hispano-americana e internacional.
Para concluir, conheça CHARLIE PARKER, o gênio musical que inspirou o autor.
BONUS: outra de nossas artistas favoritas é Martina Topley-Bird, a Billie Holiday pós-moderna.
