As “Crônicas Marsicanas” (trocadilho com “Crônicas Marcianas”, de Ray Bradbury) chegaram até mim primeiro via extinta revista ANIMAL (fim dos anos 80), depois via e-mail, direto do próprio autor, Alberto Marsicano (1952–2013). Eu o “conheci” nos tempos do Orkut. E ele foi extremamente simpático comigo.
QUEM FOI ALBERTO MARSICANO?
Marsicano foi um multifacetado músico, tradutor, escritor, filósofo “underground” e professor brasileiro. Reconhecido por introduzir a cítara indiana no Brasil, Marsicano colaborou e perambulou com diversos artistas mundo afora.
Graduado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, aprofundou seus estudos em música clássica indiana na Universidade Hindu de Benares, na Índia. Teve a oportunidade de aprender cítara com o renomado Ravi Shankar em Londres e com Krishna Chakravarty em Benares.

Além de sua carreira musical, Marsicano destacou-se como tradutor de obras literárias e autor. Traduziu e prefaciou William Blake para o português com texto saborosíssimo que conta com sua inconfundível pegada “Marsicana”.
Estas “Crônicas Marsicanas” são uma coletânea fragmentada, beirando o aleatório, mas que refletem sua visão de mundo e experiências pessoais com pessoas do “underground” ou “cena alternativa” de diversas partes do mundo.
Em suma, personagens que não se enquadram no modelo “tradicional” de mundo.
Uma das passagens inesquecíveis do livro – e há muitas – ocorre quando Marsicano aborda Frank Zappa após um show. Ali o compositor e multi instrumentista teria declarado:
“Não sou um guitarrista. Sou um escultor que esculpe as grandes massas de ar que saem dos amplificadores!”
E para que você possa saborear diretamente um pouco do estilo ÚNICO da escrita marsicana, transcrevo aqui as primeiras linhas da obra para homenagear o artista:
“Os clarões dilacerados do crepúsculo pontilhizam impressionismos sobre os
céus de Londres. Tomo o metrô em Notting Hill Gate. Através da Circle Line o
vagão freme em alta velocidade como a guitarra de Robert Fripp até South
Kensington. Entra um grupo de jamaicanos cujo runear me remete ao turquesa
do Caribe. Desembarco na estação Victoria onde os amplos arcos, ogivas e
pilastras reverberam a abertura grandiosa de uma orquestração imaginária.
Schopenhauer costumava afirmar que:
A arquitetura é uma sinfonia congelada.
Milhares de personagens de Agatha Christie aglomeram-se nas vastas
plataformas. Chega o trem para Cambridge, onde fica meu cottage. Encosto-me à poltrona e divago ao ritmo tecno dos batentes.”
Além de escrever com essa verve inimitável, Marsicano também contribuiu para a divulgação da poesia oriental no Brasil, co-traduzindo antologias como “Sijô – Poesiacanto Coreana Clássica”, publicada em 1994 pela editora Iluminuras, com introdução de Haroldo de Campos.
Seu legado abrange a fusão entre culturas musicais, a tradução de obras literárias e a promoção de um diálogo intercultural profundo.
Para MIM, pessoalmente, fica o legado de um ser humano excêntrico e generoso o suficiente para me enviar seu livro gratuitamente por e-mail antes da publicação oficial, um item que conservo até hoje.
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