“Tudo é rio”, de Carla Madeira: fluxo inevitável

[Cenário: A Biblioteca Municipal, no final da tarde. O sol entra pelas janelas altas, iluminando as estantes de madeira escura. O silêncio é quebrado apenas pelo virar de páginas e o teclar suave de alguns computadores. O escritor Zuli Mencordas, com seu caderno preto, encontra o professor Araújo, que está sentado a uma mesa mais reservada, folheando uma revista literária. Ambos falam em voz baixa.]

Araújo (sussurrando, sem levantar os olhos da revista): Zuli, chegou. Silencioso como um segredo bem guardado.

Zuli (sussurrando de volta, puxando a cadeira com cuidado para não fazer barulho): Melhor assim, Araújo. Não queremos perturbar o fluxo… das ideias alheias.

[Ambos sorriem discretamente. Zuli abre o caderno, onde anotou pontos da resenha que leu.]

Zuli (em voz muito baixa): Estava relendo aquela resenha que saiu no Dicas de Livros. Sobre o “Tudo é Rio”, da Carla Madeira.

Araújo (fechando a revista e a colocando sobre a mesa, também em voz baixa): Ah, sim. O livro que fez um sucesso considerável no relançamento, não é? Em 2021, se não me engano.

Zuli: Isso. A resenha fala muito sobre a força da narrativa.

Diz que a história de amor e dor se desenrola “naturalmente, como o fluxo de um rio”. E que a escrita da Carla Madeira é intensa, que prende a gente.

Araújo: Interessante a metáfora do rio. Sugere algo que flui, que não para, mas que também tem suas correntezas e profundezas.

O livro dá mesmo essa sensação de que mal temos tempo de recuperar o fôlego, outro fato já acontece, assim como nas nossas vidas.

Zuli: Exato. E tem uma frase no livro que a resenha cita, que achei muito forte:

“A vida dá um jeito de manter a gente vivo mesmo quando a gente morre de dor”. É a ideia de que a vida segue, apesar de tudo.

Araújo: Uma verdade dura, mas inescapável. E a obra mergulha no triângulo das relações entre Venâncio, Dalva e Lucy. Começa com o casal, Venâncio e Dalva, no auge da paixão, parecendo um conto de fadas…

Zuli: Mas aí, por baixo, nascem a obsessão e o ciúme. O livro descreve como a loucura começa miúda e vai se alastrando.

“A loucura começa como a doença, miúda. Vai se alastrando célula a célula, ocupando tudo, destruindo a saúde, acabando com a vida de quem não encontra recurso para deter os pensamentos ruins, fazedores dos mais profundos infernos”.

É uma descrição quase clínica da deterioração emocional.

Araújo: E então vem o ponto de virada, a “tromba d’água” que cria o abismo entre eles. Cada um busca um refúgio. Dalva sai sem dizer para onde, e Venâncio vai para o prostíbulo, onde conhece Lucy.

Zuli: E a obra faz questão de desconstruir o clichê da prostituta. Lucy não é só a “puta que se mete entre o casal de mocinhos”. Ela tem uma história forte, trabalha por escolha, com orgulho, encontra realização nisso.

Araújo: Sim, isso é um ponto crucial. A resenha destaca como ela desafia a expectativa social de que as pessoas “de bem” só toleram as prostitutas “com a condição de sentir pena delas”. Lucy, sendo “dona demais de si mesma”, priva essas mulheres do “exercício da compaixão”.

É uma personagem que subverte a moralidade convencional.

Zuli: E a história dela se complica quando Venâncio a rejeita. Conquistá-lo vira uma questão de honra, um desafio. A narrativa vai entrelaçando o passado e o presente dos três, no ritmo desse rio.

Araújo: A beleza do livro é justamente a verossimilhança. Apesar de surpreendente, tudo parece “tão possível de acontecer na realidade”.

A simplicidade e proximidade da escrita nos fazem sentir o que os personagens sentem.

Zuli: Sim, e sem maniqueísmos. A autora humaniza comportamentos questionáveis, mostrando. É verdade: às vezes fazemos, só o que podemos. E, querendo ou não, vamos continuar fluindo, como um rio.

Araújo: É uma perspectiva interessante. Não julgar, mas tentar compreender as complexidades das ações humanas diante da dor e das circunstâncias. Destaco também a importância de coadjuvantes, como Aurora e Francisca, mulheres fortes e sábias que apoiam os outros.

Zuli: Elas parecem ser pontos de sabedoria na correnteza. No fim, o livro deixa muitas questões em aberto, assim como na própria vida.

Nem tudo é explicado, porque na realidade também não sabemos o porquê de certas coisas, apenas sentimos e seguimos.

Araújo: Essa falta de fechamento total é, paradoxalmente, o que torna a obra mais real. E as reflexões que o livro provoca são cruciais: amor, fé, perdão, confiança, coragem. Temas universais.

Zuli: É uma leitura que mexe com a gente. Vale a pena muito, pela história e pelas reflexões. É um daqueles livros que a gente devora de uma vez, com avidez, gulodice literária, rs…

Araújo: Um bom sinal, a narrativa é envolvente. E a resenha, que veio do site Dicas de Livros, ainda aponta onde encontrar o livro, inclusive com links.

Zuli: E a abordagem da Lucy, que foge do estereótipo, pode gerar discussões interessantes.

É um livro que, como a resenha diz, humaniza sem simplificar.

Araújo (olhando para as estantes, ainda em voz baixa): É o poder da boa literatura, Zuli. Nos confronta com a complexidade humana, nos faz sentir, pensar… e seguir fluindo, como o rio.

Zuli (fechando o caderno suavemente): Exatamente, Araújo. Uma resenha que faz pensar, sobre um livro que faz sentir. Perfeito para o Dicas de Livros.

[Ambos permanecem em silêncio por um momento, imersos em seus pensamentos, no ambiente tranquilo da biblioteca.]

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