Primeiramente, vale a pena encarar esta compilação de palestras de Carl Gustav Jung (1875-1961) sem receio de jargões ou excessiva complexidade. Ao contrário, o tom utilizado é o de uma conversa. Uma conversa inteligente, claro, mas qualquer leitor de boa vontade é capaz de entender o que ele diz. Acima de tudo, estamos diante de um excelente contador de histórias. E é exatamente assim que eu o vejo. Por quê? Bem, para começar, não tenho formação na área. Não li a obra de seu predecessor e mestre, Freud (1856-1939). Vou comparar o que ele diz ao quê? 🤔
Só me resta tentar fazer uma contraposição a uma coisa ou outra que eu tenha vivido, lido, imaginado, sonhado… É. Pensando bem, as narrativas de Jung podem ter ressonâncias profundas no leitor leigo, como é meu caso. Então eu recomendo fortemente este livro como um caminho para conhecer o psiquiatra suíço e seus pensamentos. Há outros, claro.
Uma via indireta e muito divertida para alguns conceitos junguianos é a graphic novel “O incal”, de Jodorowsky e Moebius.
Nessa aventura que transcende o tempo, o espaço e qualquer conceito antiquado que você tenha de “galáxia”, a dupla de criadores atingiu o ápice do que pode ser feito em quadrinhos. É uma caldeirão de misticismo, ficção científica, arquétipos junguianos, sátira à aristocracia alienada, tarô, metafísica… Enfim, parece uma “salada” de conceitos, uma colcha de retalhos aleatórios, mas não é. É uma obra-prima. No entanto, isso é assunto para outro post. Em breve. Por enquanto, saiba mais aqui: https://amzn.to/3AuqVyY
O próprio autor da trama, Jodorowsky, já declarou em entrevista que “amava Jung”. https://amzn.to/3AuqVyY
A citação do poeta William Butler Yeates é inevitável: “Pense como um sábio, fale na linguagem das pessoas comuns”. Isso é Jung “conversando” conosco.
E assim se encerra a história da menina que queria manifestar algo que tinha em seu inconsciente. E conseguiu.
Para Jung, se quisermos avançar para um patamar existencial superior, temos que cometer um erro que parece tão terrível a ponto de arruinar nossas vidas. E foi, segundo o analista, exatamente isso que aconteceu com a moça, que passou de mera charlatã e trapaceira gradativamente para o polo oposto, no qual manifestou o que havia de melhor nela mesma.
Este é apenas um RESUMO de um dos relatos impressionantes contidos no livro. Precisamos “acreditar” em Jung LITERALMENTE para apreciar a obra LITERIARIAMENTE? Vem comigo para o próximo tópico que eu respondo.