Um prólogo é, por definição, o “texto que antecede a parte principal de uma obra literária”. O que seria então um livro só de prólogos, como criou Jorge Luis Borges? Seria uma espécie de livro que está sempre começando… Mas de fato nunca começa?! 😲
A ideia é desconcertante. E não é para menos, se considerarmos a coleção de obras geniais de seu autor.
Afinal, foi a prodigiosa imaginação de Jorge Luis Borges que nos legou contos como “O livro de areia”, que trata de um tomo com infinitas páginas e ilustrações que jamais se repetem. Por mais que o leitor as folheie, nunca cai duas vezes no mesmo lugar. A obra não tem começo nem fim e leva seu dono à beira da insanidade.
O mesmo Borges também escreveu a obra-prima “A Biblioteca de Babel” (1944), que descreve em detalhes perturbadores uma biblioteca infinita que contém todos os livros possíveis. Ou seja, todas as combinações de letras, números e sinais de pontuação imagináveis. Isso leva um bibliotecário a buscar obsessivamente o livro que resume toda a verdade. O único problema é que os corredores, estantes e livros não acabam nunca.
Esta é a dimensão criativa de Jorge Luis Borges: sua mente abarca infinitos.
Não por acaso, em 1975, a publicação da coletânea “Prólogos”, reunindo pela primeira vez textos críticos do autor, foi um marco na literatura latino-americana.
A obra ofereceu aos leitores um olhar inédito sobre o pensamento e a maestria literária de um dos maiores escritores do século XX.
Ao mergulharmos no livro encontramos a vastidão da erudição do mestre, evidenciada pela diversidade de suas referências literárias. Desde os poetas gauchescos de sua Argentina natal até os gigantes da literatura universal, como Edgar Allan Poe, Miguel de Cervantes, Lewis Carroll, Franz Kafka e outros, nada escapa ao crivo apurado do autor.
Com Borges, o prólogo em separado se converte em um instrumento incisivo para desvendar camadas e mais camadas de prazer literário. Sempre com um estilo cuja elegância encanta o leitor desde as primeiras linhas.
Cada texto é um pequeno ensaio literário em si, revelando a erudição do autor e sua facilidade em transmitir essa profunda compreensão literária. Por isso, o livro é mais do que uma coletânea de textos críticos; é uma jornada imersiva no mundo de Jorge Luis Borges, um convite para desvendar os mistérios da criação do texto e celebrar o prazer de ler.
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