Faulkner e sua obra perdida

William Faulkner, o mestre da literatura sulista norte-americana e autor de “O Som e a Fúria”, nunca foi exatamente um homem metódico. Escrevia como vivia: intensamente, entre longas madrugadas regadas a álcool e períodos de isolamento quase total.

Mas uma de suas histórias mais inacreditáveis não foi inventada—ela aconteceu com ele mesmo.

Nos anos 1920, Faulkner era um jovem escritor ainda desconhecido, tentando emplacar seu primeiro romance. Após meses de trabalho árduo, finalmente concluiu um manuscrito que considerava sua grande obra. Exultante, pegou o trem para Nova York, onde pretendia entregá-lo a um editor.

O problema? Ele perdeu o texto.

Em algum momento da viagem, entre tragos de uísque e devaneios sobre o sucesso, Faulkner simplesmente deixou o único exemplar do manuscrito para trás—provavelmente esquecido em um vagão de trem ou em um bar qualquer.

Quando percebeu o que havia acontecido, entrou em desespero.

Tentar reescrevê-lo era impensável. Ele não fazia rascunhos, não tinha cópias, nada. O livro estava perdido para sempre. Mas, em vez de lamentar, Faulkner tomou uma decisão radical: se esse romance estava fadado ao esquecimento, ele escreveria outro, ainda melhor.

Foi assim que, em um surto de criatividade, produziu “Paga de Soldado”, seu primeiro romance publicado, que abriu caminho para sua carreira.

Décadas depois, ao se tornar um dos maiores nomes da literatura americana e vencer o Prêmio Nobel, Faulkner relembrou o episódio com sua típica ironia:

— “Se aquele manuscrito tivesse sido publicado, talvez eu nunca tivesse escrito os outros. Perder foi minha maior sorte.”

Ninguém sabe se o livro perdido ainda existe, esquecido em algum arquivo ou maleta abandonada. Mas uma coisa é certa: às vezes, o fracasso é apenas um desvio no caminho do sucesso.

William Faulkner – fonte: https://shorturl.at/0ze0a

William Faulkner (1897-1962)

📍 Origem: 

Nascido no Mississippi, EUA, Faulkner foi um dos maiores escritores do século XX, conhecido por sua prosa experimental e profunda exploração do Sul dos EUA.

📚 Principais Obras:

O Som e a Fúria (1929) – Romance inovador com múltiplos pontos de vista e fluxo de consciência.
Enquanto Agonizo (1930) – História de uma família tentando enterrar a matriarca, narrada por 15 personagens.
Luz em Agosto (1932) – Retrata racismo e identidade no Sul.
Absalão, Absalão! (1936) – Uma saga complexa sobre a decadência de uma família sulista.

🏆 Prêmios e Reconhecimento:

Vencedor do Prêmio Nobel de Literatura (1949).
Ganhou dois Prêmios Pulitzer (Uma Fábula, 1954; Os Invictos, 1962).
🖋️ Estilo e Temas:

Uso do fluxo de consciência, narrativas fragmentadas e múltiplos narradores.
Explorou temas como decadência do Sul, racismo, culpa e memória.
Criou o fictício Condado de Yoknapatawpha, cenário de muitos de seus romances.

🍷 Vida Pessoal:

Trabalhou como roteirista em Hollywood para pagar as contas.
Tinha problemas com álcool e era conhecido por sua excentricidade.
Evitava a fama e preferia uma vida reclusa em sua fazenda no Mississippi.
Faulkner redefiniu a literatura americana, influenciando escritores como Gabriel García Márquez e Toni Morrison.  obra continua sendo estudada e admirada até hoje.

Informações adicionais

Infância e Juventude: William Faulkner cresceu em Oxford, Mississippi, e sua infância foi marcada pela história do Sul dos Estados Unidos, com suas tradições, conflitos raciais e decadência econômica.

Influências Literárias: Faulkner foi influenciado por autores como James Joyce, Virginia Woolf e Sherwood Anderson, que exploravam técnicas narrativas inovadoras e temas psicológicos complexos.

Carreira Literária: Além dos romances, Faulkner também escreveu contos, poemas e ensaios. Sua obra completa é vasta e diversificada, abrangendo diferentes gêneros e estilos.

Reconhecimento Tardio: Apesar de ser considerado um dos maiores escritores americanos, Faulkner não obteve reconhecimento imediato por sua obra. Foi apenas após receber o Prêmio Nobel que sua fama e influência se consolidaram.

Relevância

A obra de William Faulkner é relevante até os dias atuais por abordar temas como racismo, desigualdade social, memória e identidade, que continuam sendo discutidos e debatidos na sociedade contemporânea. Sua escrita inovadora e experimental influenciou gerações de escritores e continua a inspirar leitores de todo o mundo.

Veja a seguir exemplos da influência direta de Faulkner na Literatura dos mais do mais diversos autores: 

1. O Fluxo de Consciência e a Fragmentação da Narrativa

Faulkner foi um mestre do fluxo de consciência, técnica que mergulha na mente dos personagens, capturando seus pensamentos de forma fragmentada e não linear. Essa abordagem influenciou diretamente escritores como:

Gabriel García Márquez (Cem Anos de Solidão) – Adotou a fluidez narrativa e a interconexão de eventos dentro de uma cronologia não convencional.
Toni Morrison (Amada) – Incorporou múltiplas perspectivas e explorou o trauma e a memória de maneira não linear.
Clarice Lispector (A Paixão Segundo G.H.) – Usou um estilo introspectivo e fragmentado para refletir o mundo interior de seus personagens.


2. A Criação de Universos Literários


Faulkner criou o Condado de Yoknapatawpha, um microcosmo do Sul dos EUA, onde suas histórias se interligavam. Essa ideia de um “universo literário” serviu de modelo para autores como:

Gabriel García Márquez – Criou Macondo, a cidade mítica de Cem Anos de Solidão.
Juan Rulfo (Pedro Páramo) – Ambientou sua obra em Comala, um espaço mítico impregnado de memória e morte.

José Saramago – Desenvolveu universos próprios dentro de Portugal, com personagens e cenários recorrentes.


3. A Exploração do Tempo e da Memória

Faulkner revolucionou a forma como o tempo é tratado na narrativa, entrelaçando passado e presente de forma fluida. Isso inspirou autores como:

Mario Vargas Llosa (A Casa Verde) – Usou múltiplas linhas do tempo sobrepostas para criar complexidade narrativa.
Julio Cortázar (O Jogo da Amarelinha) – Rompeu com a linearidade, permitindo ao leitor diferentes formas de ler a obra.
Jorge Luis Borges – Fascinado por tempo e destino, explorou temas semelhantes em contos como O Jardim de Veredas que se Bifurcam.


4. O Sul Gótico e a Exploração da Decadência


Faulkner retratou um Sul dos EUA decadente, marcado pelo racismo, culpa e tragédias familiares. Esse tom influenciou diretamente o Gótico Sulista, refletido em escritores como:

Flannery O’Connor (Um Homem Bom é Difícil de Encontrar) – Criou personagens grotescos e explorou dilemas morais no Sul.
Cormac McCarthy (Onde os Velhos Não Têm Vez) – Misturou violência, isolamento e desespero em paisagens áridas.


Conclusão

A obra de Faulkner não só revolucionou a literatura americana, mas também ecoou pelo mundo, inspirando autores do realismo mágico, do modernismo, do pós-modernismo e do gótico sulista.

Sua influência pode ser vista na forma como escritores lidam com tempo, memória, linguagem e identidade, transformando a literatura em algo mais denso, desafiador e profundamente humano.

Para finalizar, um comentário de especialista: 

“De todos os romances americanos do século XX, o que tem o começo mais brilhante é Enquanto agonizo… o começo pressagia a originalidade do livro que mais surpreende de seu autor…” – Harold Bloom (1930-2019), professor de Yale e crítico literário. 

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