Primeiramente, saiba que vamos forçar um pouco sua capacidade imaginativa para falar de Tristram Shandy, de Laurence Sterne. Afinal, a obra já era fora do comum há uns 300 anos… e continua sendo.
Em primeiro lugar, imagine um romance que desafia todas as convenções literárias. Por exemplo: tem páginas em branco para o leitor preencher, uma dedicatória à venda, um prefácio no meio do livro e uma narrativa que pula e se contorce como um desenho infantil.
Este é “A Vida e as Opiniões do Cavalheiro Tristram Shandy”, de Laurence Sterne (1713-1768).
Publicado no século XVIII, o livro antecipa as experimentações narrativas do século XX, influenciando gigantes como Virginia Woolf e James Joyce. Primordialmente, a obra de Sterne é um convite à participação ativa do leitor. Em outras palavras, uma prova de que a literatura pode ser muito mais do que contar histórias.
De fato, este é um romance que subverte todas as expectativas convencionais com sua narrativa fragmentada. Tristram Shandy, de Laurence Sterne, é uma obra provocativa que desafia as normas literárias do seu tempo. Com efeito, seus experimentos narrativos antecipam as inovações futuras, consolidando Sterne como um dos precursores da literatura moderna.
Consequentemente, a influência de Laurence Sterne se faz sentir também na obra de Machado de Assis, especialmente em “Memórias Póstumas de Brás Cubas”.
Além disso, em Tristram Shandy, Sterne já explorava recursos como a metalinguagem, a quebra da linearidade narrativa e a interação com o leitor, elementos que também marcam a obra do escritor brasileiro. Quer um exemplo?
“Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor.
Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem…”
Machado de Assis em “Brás Cubas.”
Em conclusão, a originalidade e a complexidade de Tristram Shandy o tornam um marco na história da literatura, inspirando gerações de escritores a desafiar os limites da narrativa. Vale a pena experimentar, mas saiba que não será uma leitura fácil!
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