Machado de Assis descreveu uma doença psiquiátrica contagiosa no conto “O anjo Rafael”. A história trata de uma moça que enlouquece devido ao contato com a insanidade do próprio pai. O autor também mostra como solução para o problema o simples afastamento entre a pessoa saudável e aquela que está doente. Que grande imaginação tinha nosso Machado, não é mesmo? Sim, tinha, ninguém nega, porém no caso, a doença existe, só que ainda não havia sido estudada. Ela é uma espécie de “transtorno psicótico induzido”, mais conhecido como Folie à Deux. E um detalhe: ela só foi “descoberta” OITO ANOS DEPOIS da publicação do conto.

O relato do nosso Bruxo (ou Psiquiatra?) do Cosme Velho mostra nitidamente todos os elementos da patologia que só seriam descritos pelos estudiosos Lasegue e Falret, os descobridores “científicos” da condição, em 1887.

O próprio Freud recorreu muito à literatura e outras artes na elaboração de sua obra. O complexo de Édipo, termo criado por ele, por exemplo, foi inspirado na tragédia grega Édipo Rei, de Sófocles.

Daí a frase freudiana: “aonde quer que eu vá, eu descubro que um poeta esteve lá antes de mim.”

Aí onde está “poeta”, podemos pensar em qualquer outro tipo de artista, uma vez que a Arte lida não apenas com estética, mas com imaginação, sonhos, medos, desejos… Enfim, tudo que é subjetivo e humano.

Para concluir, o mais recente filme do Coringa, com Joaquin Phoenix e Lady Gaga, é chamado de Folie à Deux. Acho que não é preciso explicar mais nada… mesmo que você não saiba francês, a insanidade transborda da tela. Em breve falaremos do filme aqui. Fique ligado! Estamos aliando inteligência artificial e sensibilidade humana. Em todos os posts! Loucura? Sim, mas das boas!